“Forró Patrimônio Cultural
Genuinamente Brasileiro”

Dança

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Estilos de DançaDança 

Esse Blog apresenta a cultura popular como uma educação empírica, como espaço de resistência  por meio do hibridismo ; ou seja, através de uma abordagem teórica ocidental analisaremos a relação da cultura popular com a identidade dos alunos que frequentam uma academia de dança e propor a inserção da história do Forró nos temas transversais do conteúdo de ensino das escolas de dança. Sendo assim, iremos nos debruçar sobre dois aspectos referentes as linguagens corporais a princípio dentro da perspectiva europeia (da qual a sociedade brasileira entende como justificativa “correta”), são elas: “Dança Camponesa” e “Dança Aristocrática”. Para explicar essas culturas corporais de uma forma epistemológica  iremos narrar a antinomia  existente nas vertentes citadas. Compreendemos que é indiscutível o papel da escola de dança como núcleo mantenedor da cultura do lugar no qual ela está instalada. Todavia, simultaneamente os alunos e alunas trazem para a escola o que eles são em seus respectivos espaços de convivência social, formando um grupo que em suas diversidades mantém-se ligados às suas origens como sujeitos de sua matriz cultural. O modo de falar, vestir, refletir sobre o mundo do conhecimento que lhes é oferecido pela escola, é recebido de acordo com o mundo que eles próprios já conhecem antes de chegar à escola. Ressalto que nas esferas educacionais e acadêmicas, o conhecimento popular não é reconhecido como ciência. Entretanto, segundo o historiador inglês Peter Burke  houve uma convivência outrora entre as culturas camponesas e aristocráticas , até que um processo político hegemônico provocou um distanciamento que se transformou numa separação ideológica:

…. O termo “cultura popular” tem um sentido diferente quando usado por historiadores para referir-se: à Europa por volta do ano de 1500, quando a elite geralmente participava das culturas do povo, e ao final do século XVIII, quando a elite tinha geralmente se retirado.

Isto é, a elite aprendeu cantigas infantis, danças e brincadeiras pertencentes ao mundo da cultura popular, ao mesmo tempo que, frequentava as escolas “superiores” e academias de arte em um mundo contrastante com o mundo do povo. Pode-se falar que existiu uma convergência entre cultura camponesa e cultura aristocrática. Todavia, quando a cultura popular foi inserida em uma cultura dominante, hegemônica, sofreu limites para ser observada e compreendida como elemento primordial de um povo; ou seja, seus valores e sua filosofia foram colocadas como elementos pertencentes ao folclore e ao exótico, típico de um olhar etnocentrista. Em suma, o conhecimento denominado erudito, se contrapôs ao conhecimento possuído pela maior parte da população, que foi intitulado pelas camadas predominantes, como: inferior e que aos poucos passou também a ser entendido como uma forma de cultura, sendo nomeada de cultura popular.

Evidencio que essa visão chegou até as academias de dança através do enfoque caricaturado sobre a cultura popular, desfocada de seu verdadeiro conceito e importância. Como citamos anteriormente a ideia de cultura foi uma construção de pensamentos com o propósito de descrever formas de conhecimentos dos Estados nacionais dominantes que se formaram na Europa a partir do fim da Idade Média, os quais só tinham acesso setores das classes dominantes desses países. Friso, que ainda hoje é perceptível que as instituições dominantes enxerguem a cultura popular pensado sempre em relação à cultura erudita, à “alta cultura”, entendimento associado tanto no passado como no presente, pelas classes influentes. Justificando que a cultura erudita desenvolveu um universo de legitimidade própria, expresso pela filosofia, pela ciência e pelo saber produzido e controlado em instituições da sociedade nacional, tais como as universidades, as academias, as ordens profissionais (de médicos, advogados, engenheiros e outras). Enquanto que a cultura popular são expressões diferentes da cultura dominante, são manifestações empíricas de classes consideradas ínferas, onde estão fora de suas instituições, que existem independentemente delas, mesmo sendo suas contemporâneas.

A partir do final da década de 1920, o conflito binário entre povo e “elite ” foi substituído por urbano e rural e não raras vezes, encontramos o termo “popular” sendo substituído pelo termo “local” ou “regional”. Deduzindo-se assim que os conflitos existentes no campo ideológico e político entre essas culturas, foram criados como uma das maneiras de afastar as duas e ao mesmo tempo, reforçar a hegemonia de uma sobre a outra, no caso, da cultura de elite sobre a cultura popular. Devo salientar que no período da década de 1960, o conflito existente entre essas culturas foi renomeado, sendo empregado outros termos distintos, foram eles: centro e periferia. Então, baseado nesses processos de conceitos históricos iremos empregar nesse blog dois aspectos referentes as generalidades das linguagens corporais de outrora, são elas: “Dança Rural” descendentes da dança camponesa ou popular e “Dança Urbana” porvindoura da dança aristocrática. 

É relevante apresentar o ponto de vista por meio dos detentores da cultura dita popular, que é baseada no ensinamento de seus ancestrais. Segundo eles, seus antepassados entendiam os movimentos corporais semelhante a uma linguagem falada ou escrita. Através deste discernimento, se analisarmos os movimentos como palavras, uma sequência de movimentos seriam uma construção de frases. Sendo assim, a gramática usada para definir a maneira mais adequada de montar esses movimentos dentro de uma sequência que tenha sentido para quem assiste ou para quem realiza, chama-se a partir do século XIX de estilo popular. Logo, na dança popular o dançarino tem a liberdade de executar os passos que já sabe e enunciar por meio de uma performance da forma como acha melhor. Dentro desta absorção iremos aplicar um modelo para sua melhor percepção, então, realizando uma analogia para explicar melhor sobre o improviso na dança, iremos usar como exemplo uma possível construção de “frase optativa” com o objetivo de informar um destino. 

Hoje, eu vou para a casa de José…

Para a casa de José, hoje eu vou…. 

Isto significa que a ação do improviso é construir uma frase de acordo com o que você está sentindo naquele momento, todavia, sempre respeitando a gramatica. Em outras palavras, se adaptarmos essa forma de usufruir da linguagem nos movimentos corporais, podemos usar os passos mediante ao que você se emociona; seja com a dança, com os elementos constitutivos da música ou através da relação construída com o parceiro que você está dançando no momento. Isso quer dizer, que na dança popular o dançarino é responsável pela construção das frases que irá executar, oposto do dançarino erudito pertencente a dança aristocrática, que geralmente realiza repetidas seqüências pré-definidas de figuras, projetadas por outro dançarino denominado de coreógrafo. Outra diferença entre a dança popular e a dança erudita:

• A dança popular – era aplicada por figuras muitas vezes inspiradas em movimentos de animais ou se assemelhavam com movimentos de trabalho realizados na agropecuária . 

• A dança erudita – era executada dentro de um conceito anatômico por meio de figuras geométricas através de uma simetria de movimento dos bailarinos criados por um coreografo. Destaco que as formas dos movimentos geométricos das coreografias parecem muito com os jardins dos castelos franceses do século XVII e XVIII.     

Concluindo, baseado nesses processos de conceitos históricos iremos empregar nesse blog dois aspectos referentes as generalidades das linguagens corporais de outrora, são elas: “Dança Rural” descendentes da dança camponesa ou popular e “Dança Urbana” proveniente da dança aristocrática ou da corte, isto é, iremos narrar sobre duas formas de ver a dança e usufrui-la.  

TEXTO ATUALIZADO – 07/05/2022.

Link para a página: 

Dança Aristocrática

Dança Urbana

Dança Popular

Dança Rural

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

BIZZOCCHI, Aldo. O clássico e o moderno, o erudito e o popular na arte. Líbero. São Paulo, v. 2, n. 3/4, 1999.

BURKE, Peter. Cultura Popular na Idade Moderna. Tradução Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

CASTAGNA, Paulo (Org.). Colóquio Brasileiro de Arquivologia e Edição Musical. Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana-FUNDARQ, 2004.   

GIFFONI, Maria Amália Corrêa. Danças da corte; danças dos salões brasileiros de ontem e de hoje. São Paulo, Depto de Educação Física e Desporos do MEC, 1974. (Caderno Cultural, v. 2).

KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. – 6° ed. – São Paulo: Contexto, 2010.  

KIRSTEIN, Lincoln. Dance, Dance Horizons Incorporated, Nova Iorque, 1969.

KI´-ZERBO, Joseph (Ed.). História Geral da África I: Metodologia e pré-história da África – 2. ed. ver. – Brasília: UNESCO, 2010.

LIMA, Heloísa Pires; HERNANDEZ, Leila Leite. Toques do griô: memórias sobre contadores histórias africanas.  São Paulo: Melhoramentos, 2010.

IMAGEM

Figura 1 – Pintura que relata a elegância de uma dança de corte em um grande salão. Autor: NID. 

https://salatielcamarao.blogspot.com/

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